Santiago, 8 de Fevereiro de 2008

Finalmente e infelizmente chegamos a Santiago.
Ta mais frio que esperava mas mesmo assim não se consegue dormir a noite.
Estou instalado no hostel Santiago tenho voo amanha de manha e o Niko vem me cá buscar, para lá ir dormir a casa e amanha de manha me levar ao aeroporto
Tudo acaba como começou.
Os últimos dias foram bons e tranquilos a excepção da ultima noite.
Tivemos no salar do Uyuni, o céu na terra, um ultimo dia de praia em Iquique, e na companhia do To Guerreiro jantamos os três uma ultima vez no Liguria depois de uma tarde bem passada em Bela Vista.
Uma ultima derradeira noite no subterrâneo ( o sala murano não presta se e que isso e possível as 4as). Lembro-me pouco da noite porque só acordei quando cai ao lago do pateo da discoteca.
Assim é.
O fim esta próximo vou agora usufruir dos últimos raios de sol no pateo do hostal Santiago a fumar um ultimo camel.
Tudo acaba como começou…

Las pampas

Depois de chegar atrasado a Rurrenabaque por termos ficado sem gasolina no caminho de Sta. Rosa e a gasolina que posteriormente nos foi vendida ter agua misturada, (parece a gasolina do intermarche) la nos consolamos com o facto de a pista de aviação ter vacas e cavalos a la a pastar, sinal que não houve voos nesse dia por causa das chuvas, para logo nos desconsolarmos por imaginar que a única forma de sair daquele desterro eram as 15 horas míticas do caminho de la Paz.
Mal chegamos ao posto da agencia em Rurrenabaque, don Luís aguarda-nos com um sorriso na cara.
Não o devolvemos. Depois de muita discussão e de o preço ter inflacionado a mais de 50% por dia la nos conformamos e nos metemos dentro do carro. Isto tudo com alguns elementos do grupo com uma desinteria intestinal monumental, ( todos menos eu), de uns três dias passados num acampamento por cima de uma agua infestada de crocodilos, cobras, golfinhos e piranhas.
A comida era feita com agua fervida, mas electricidade e mentira depois das 10, hora em que o gerador e desligado.
Apesar de tudo foram uns dias maravilhosos, o staff era espectacular sobretudo o nosso guia Dório, uma espécie de Steve Irwin índio, e a nossa cozinheira Candy que todos os dias alimentava o seu Lagarto Crocodilo de estimação chamado Plástico e o seu Caymao de estimação Juan Filipe dos nossos restos.
A viagem ate la Paz correu de uma forma calma a parte das correrias ate ao carro e das guerras de horas por causa dos shotguns.
O único incidente foi o jipe ter pegado fogo a saída de Rurrenabaque em que teve tudo de sair do carro a correr, mas don Luís cortou para lá meia dúzia de cabos, ficamos sem luzes interiores e sem guincho e seguimos caminho.

Amazonia Express

Em tempos tive uma amiga que se adorava perder.
Claro que isto a alguns pode parecer um desejo estúpido e infantil mas ela adorava perder-se em estradinhas de terra ou no meio do campo. Acho que e um vicio dos aventureiros.
No fundo todos nos ansiamos por perdermo-nos para que depois possamos vencer o desafio de encontrar o caminho de volta, ou pelo simples prazer de explorar o desconhecido, mesmo eu que abanava a cabeça como forma de disaproval secretamente também desejava perder-me.
Assim acho também que qualquer amante dos desportos motorizados todo o terreno adora atolar.
Quantas vezes já tentei atravessar e empurrar o limite do meu carro mais e mais longe na esperança de que algo “radical” acontecesse?
Quantas vezes mesmo tendo um caminho alternativo mais fácil ao lado fiz questão de fazer o mais difícil e com mais probabilidades de dar “mau” resultado…
A Bolívia e um pais de atolancos. Simplesmente perfeito.
A pista para o sul da amazónia, que nos tivemos de fazer porque todos os voos para a pequena cidade fluvial de Rurrenabaque no norte boliviano foram cancelados devido as chuvas intensas que se tem feito sentir por ca, e uma combinação de estrada de montanha, de planície e de pântano.
Tudo começa onde acaba a carretera de la muerte.
A nova estrada dos yungas acaba em Coroico e a partir dai tem de se seguir por uma estrada de terra em que a largura media não e maior que 3 metros, com escarpas e quedas verticais sempre do lado esquerdo de quem desce.
O sentido do transito e invariavelmente feito ao contrario, porque nas estradas de montanha guia-se pela esquerda para os que sobem estarem protegidos do lado de dentro da estrada.
Os cruzamentos com os camiões são feitos nos poucos sítios que a estrada alarga um mais de 3 metros, logo as paragens são regulares pois tem de se esperar nesses pedaços de estrada mais largos pelo carro, normalmente camião que vem em sentido contrario.
E comum para um novato como eu pensar que e desta que vai acontecer o inevitável, mas os pilotos passam buzinando descontraidamente como sinal de agradecimento.
O nosso piloto, don Luís e digno de fazer o Dakar. Conta-nos com a maior naturalidade que já “caiu” duas vezes mas teve sempre muita sorte.
O jipe não podia deixar de ser um Land Cruiser, o modelo VX de 5 portas de 89 o qual nunca tinha visto e assemelha-se com um HDJ 100. Motor V6 3 litros a gasolina.
Cor de vinho claro.
Na Bolívia confirma-se apesar de me desagradar a supremacia da Toyota em relação a Land Rover ou mesmo aos outros fabricantes nipónicos.
Só se vêem Toyota’s.
As quedas de agua que atravessam a estrada e com elas levam derrocadas massivas são comuns. Chegamos mesmo a ver uma série de Yungas (povo local das montanhas) a olhar para uma ribanceira. Don Luís informa-nos que caiu alguém mas nem se digna a parar.
Os camionistas são extremamente bem pagos por este trabalho, o próprio don Luís foi em tempos camionista mas agora já com carro próprio dedica-se a guiar turistas pelas mais difíceis estradas arrisco-me a dizer do planeta.
Quando passado 6 horas deste massacre chegamos ao sopé dos Andes Bolivianos, deparamo-nos com uma imensidão não de estrada mas de uma trialeira de barro vermelho a perder de vista alagada ao ponto de muitas vezes nem se puder sair do jipe.
As 3 da manha chegamos a uma piscina de terra com meia dúzia de camiões engolidos e com as rodas literalmente no ar apoiados por xulipas. Mais uma vez o Land Cruiser com as redutoras baixas ligadas não nos deixa ficar mal. Depois mais umas 4 horas numa pista mais rápida mas cheia de buracos, lombas e montes.
Notem que as nossas malas vão no suporte do tejadilho enroladas em serapilheira e imagino que ensopadas.
Somos 6 passageiros mais o condutor. Podem imaginar o bem e confortável que vamos.
Finalmente depois de quase15 horas de viagem la chegamos a rurrenabaque onde já nos aguarde outro land cruiser para nos levar a Sra. Rosa porto de saída para las Pampas. Mais uns pares de horas em bancos corridos, ( agora somos 6 mais um casal nórdico, a nossa cozinheira Candy naturalmente habituada e estas andanças e a responsável da agencia.
Mais uns atolancos, umas falhas de motor (este jipe estava completamente assassinado) uma falta de gasolina e la chegamos meio a pe meio de carro ao ancoradouro de Sta. Rosa.
A partir daqui só mesmo de lancha!

La Paz-Coroico Carretera de la Muerte

Saimos de La Paz as 7 da manha num tour comprado no dia anterior.
As nossas andancas estao pelo fim e decidimos comprar tudo por uma agencia com refeicoes e dormidas para conter os nossos custos.
Ha uns tempos a minha Mae deu-me a ler um artigo numa revista, de uma estrada na Bolivia considerada a mais perigosa do mundo. Desde entao que sempre quis fazer a tal estrada. Foi desde o principio da viagem uma imposicao que fiz a mim proprio e talvez a maior razao para a minha vinda a Bolivia.
A velha estrada que liga La Paz a Coroico, na regiao dos yungas, ja nao e hoje utilizada por razoes obvias e porque finalmente depois de centenas de mortos anuais o pobre governo Boliviano la se decidio a fazer uma estrada de alcatrao para ligar as duas cidades.
Comecamos a rolar de bicicleta a quase 5000 metros de altitude no pico de la Cumbre.
Sao 20 km de estrada alcatroada e de ultrapassagens a TIR's com um aspecto que so as sinuosas estradas dos Andes podem provocar num veiculo. A velocidade e alucinante a paisagem extenuante.
Viramos entao numa pequena bifurcacao a direita e ai sim comeca a carretera de la muerte.
Sao 40 km sempre a descer numa estrada ora de terra batida, ora de barro, ora de gravilha ladeada por milhares de cruzes flores e pequenos santuarios em memoria as suas numerosas vitimas
O verde e o seu cheiro, o nevoeiro as dezenas de cascatas que atravessam a pista e a paisagem unica sobre uns andes tropicais aos quais nao estou habituado em Santiago fazem da estrada uma visao unica.
Claro que o facto de o grupo ser composto por 5 adolescentes ou devo dizer criancas, mais um guia e uma rapariga que nem por isso ficam atras, da uma adrenalina especial a descida. Os picancos e a competicao e desmedida.
Finalmente a estrada faz jus a seu nome com sua a primeira vitima do dia.
Andre Bessa, armado em campiao, depois de uma derrapagem e uma tremenda egua, consegue a fantastica proeza de atirar a sua bicicleta para o abismo apenas umas dezenas de metros apos uma paragem num dos santuarios.
Fica sentado a uns meros 50 centimetros da berma com um ar abananado a olhar para tras (era um dos primeiros da fila) enquanto nos ainda bebados de adrenalina descemos das bicicletas depois de termos visto tudo em camara lenta e de pelo menos eu ter previsto o pior.
La se levanta a custo e a rir-se.
O guia so dava gracas a Deus e murmurava qualquer coisa parecido com tragedia.
Naquele exacto sitio ha dois anos despenhou-se um autocarro num acidente que matou 36 pessoas. Na escarpa notava-se ainda a jovem vegetacao a crescer depois de ter sido varrida pelo autocarro, o que significa que se tivera caido, as arvores e plantas nao teriam sido suficientemente fortes para o travarem na sua queda.
A queda vertical era de mais de meio km.
Enfim depois deste incidente e contra todas as expectativas nem por isso mais calmos, la conseguimos chegar ao fim da estrada dos Yungas, num troco final por cima de calhaus numa estrada mais parecida com uma pista de trial do que downhill.
Declaro que sobrevivi a estrada mais perigosa do Mundo!!!

Amazonia Express - death road ou death row?

As portas da Amazonia e demasiado desconjuntado, mal dormido e cansado para contar a noite.
A estrada mais perigosa do mundo. Aguardem pelo proximo episodio!

Cuzco na terra dos Incas

Depois de mais uma cansativa viagem com uma interminavel escala em Lima, chegamos finalmente a Cuzco.
O plano era esperar dois dias pelo Manel, o Bessa e a Xinha para subirmos juntos a Machu Pichu.
Cuzco e uma cidade turistica, grande, fria mas agradavel. Muito mais tipica que genuina, nao e dificil encontrar o vestuario tipico dos Andes importado da India e de outros paises, as tipicas calcas coloridas e tunicas que se encontram na Malasia passando por Marrocos e acabando aqui no Peru.
As criancas vestidas como palhacos de circo a pedirem propina para serem fotografados com os turistas.
Em relacao a Machu Pichu, a mim pareceu-me um Zoologico. Um parque onde chegam milhares de turistas a quem foi prometido aventura.
No entanto e inegavel a magia e a beleza nao tanto da cidade mas do sitio, da montanha e do vale em redor. Parece quase um cenario montado para um filme e incrivel so imaginar como e que ha milhares de anos um povo nao ocidental teve a coragem e sabedoria para construir uma cidade num sitio tao inospito. Algo como a historia das piramides egipcias.

E-cum-a-dor

Nunca me imaginei a disfrutar de frio.
Quito e de longe a cidade com a movida mais excitante onde estive ate agora na America do Sul.
Ou ninguem trabalha ou hoje e feriado e eu nao sei.
Mariscal tem qualquer coisa de Santiago nao sei se e a temperatura amena, a poluicao ou talvez a Luz.
E uma cidade feita para os Turistas mas vivida pelos Locals.
Sushi's com pinta Carioca, cafes e restaurantes iguais aos do bairro de Recoleta em Buenos Aires, musica ambiente que certamente tocara para o ano no hotel Costes ou no Budha Bar em Paris. Ate os Indios tem um ar mais nordico ( se isso e possivel). Sinto-me infinitamente mais perto de casa que ha um dia atras.
Talvez seja por estar mais perto de Santiago.